Não, não vou comentar o jogo de apresentação da equipa do Sporting para a época 2009/2010, com os holandeses do Feyenoord. É cedo para me torturar, vos torturar.
Os homens ainda têm as cabeças em férias. Os homens ainda não tiveram tempo para se consciencializar que para nós a época começa mais cedo devido ao nosso 2º lugar no campeonato que não nos deixa entrar directamente naquela competição sem passar pelo crivo da qualidade. Só lá chegaremos se passarmos diversos obstáculos, logo... temos que estar preparados e bem preparados.
O que eu quero trazer aqui, para reflexão da família Sportinguista, é o artigo de um intelectual do futebol que respeito e admiro pelas análises que sempre faz ao futebol nacional de um modo que nem todos conseguem fazer. Não fazem os especialistas da matéria porque não são estudiosos profundos dos esquemas técnico-tácticos e muito menos pessoas como eu que são apenas adeptos de bancada, de sofá, de trazer-por-casa, ou o que lhe quiserem chamar.
O facto é que ao ler o texto no
Cacifo do Paulinho, não pude evitar o impulso que senti em publicá-lo aqui para que mais leitores, os meus leitores, também o leiam e reflictam na profundidade da análise e para que fiquem prevenidos se algo não correr bem no decorrer da próxima temporada. Just in case...
Sporting, o desvio
No passado chamavam-lhe os wings. Era o termo inglês que definia, na origem, os extremos da equipa, aqueles homens que jogavam junto às faixas, a tocar a linha de fundo. No vento das tácticas foram desaparecendo. Mas há sempre quem resista. E faz a diferença. Recordam Futre, Figo, Simão, Quaresma, Cristiano Ronaldo, até Nani. Todos com ‘berço’ comum. Nenhum outro clube produziu, nos últimos anos, tantos extremos na essência como o Sporting a nível mundial. E com qualidade fantástica. Um ‘must’ da sua formação que se tornou imagem de marca. Poderia também, com o talento mágico destes exemplares, tornar-se a imagem do seu estilo e cultura de jogo. Como o Barcelona produz médios-defensivos cerebrais, número 6, o Sporting produz extremos ziguezagueantes de pôr a cabeça à roda aos adversários.
Mas a realidade táctica traz novas ideias. Encolheu os ombros a esse legado quase mágico e espetou quatro estacas na relva do meio campo: o geométrico losango, apoiante de dois avançados móveis, daqueles que também vão ver como estão as coisas nas faixas, já criou raízes no relvado de Alvalade. Os extremos, essa casta que conduz a bola com uma varinha de condão, esfumou-se.
Todos os modelos e sistemas de jogo são legítimos e, no limite, todos também podem ser vencedores. Paulo Bento é um dogmático do 4×4x2 losango e não vem mal ao mundo e ao Sporting por isso. É uma ideia de jogo como outra qualquer. Aliás, na dinâmica da táctica, nem é preciso ter extremos de raiz para se atacar bem pelos flancos. Existem outros meios (laterais a subir, médios a descair, etc) mas não duvidem que é com extremos que se faz melhor.
O que, porém, causa mais impressão é como o tal clube, que recentemente formou tantos desses super-extremos em vias de extinção, jogue há várias épocas sem ter na sua equipa principal um único exemplar desse tipo. E, pior, nem procura por eles. É quase como virar as costas ao ‘toque de Midas’ que o seu destino lhe dera para criar uma superior cultura estilística de jogo”
Por Luis Freitas Lobo in Expresso
Quem avisa amigo é. Não é
Paulo Sousa?