18 outubro 2010

Exemplo a seguir...

...por todos que exerçam cargos Politicos ou nomeados pelo Governo !...


Enquanto autarca aceitarei prendas que possam ser encaminhadas para o Banco Alimentar contra a Fome.

Quando tomei posse como presidente da Câmara de Santarém fui confrontado com a quantidade de prendas que chegavam ao meu gabinete. Era a véspera de Natal. Para um velho polícia, desconfiado e vivido, a hecatombe de presuntos, leitões, garrafas de vinho muito caro, cabazes luxuosos e dezenas de bolo-rei cheirou-me a esturro. Também chegaram coisas menores. E coisas nobres: recebi vários ramos de flores, a única prenda que não consigo recusar.

Decidi que todas as prendas seriam distribuídas por instituições de solidariedade social, com excepção das flores. No segundo Natal a coisa repetiu-se. E então percebi que as prendas se distribuíam por três grupos. O primeiro claramente sedutor e manhoso que oferecia um chouriço para nos pedir um porco. O segundo, menos provocador, resultava de listas que grandes empresas ligadas a fornecimento de produtos, mesmo sem relação directa com o município, que enviam como se quisessem recordar que existem. O terceiro grupo é aquele que decorre dos afectos, sem valor material mas com significado simbólico: flores, pequenos objectos sem valor comercial, lembranças de Natal.
Além de tudo isto, o correio é encharcado com milhares de postais de boas-festas que instituições públicas e privadas enviam numa escala inimaginável. Acabei com essa tradição. Não existe tempo para apreciar um cartão de boas--festas quando se recebe milhares e se expede milhares.

Quanto às restantes prendas, por não conseguir acabar com o hábito, alterei-o. Foi enviada nova carta em que informámos que agradecíamos todas as prendas que enviassem. Porém, pedíamos que fosse em géneros de longa duração para serem ofertados ao Banco Alimentar contra a Fome. Teve um duplo efeito: aumentou a quantidade de dádivas que agora têm um destino merecido. E assim, nos últimos dois Natais recebemos cerca de 8 toneladas de alimentos.

Conto isto a propósito da proposta drástica que o PS quer levar ao Parlamento que considera suborno qualquer oferta feita a funcionário público. Se ao menos lhe pusessem um valor máximo de 20 ou 30 euros, ainda se compreendia e seria razoável. Em vários países do mundo é assim. Aqui não. Quer passar-se do 8 para o 80. O que significa que nada vai mudar. Por isso, fica já claro que não cumprirei essa lei enquanto funcionário público. Enquanto autarca aceitarei prendas que possam ser encaminhadas para o Banco Alimentar. E jamais devolverei uma flor que me seja oferecida.

Francisco Moita Flores, Professor Universitário e Presidente da Camara Municipal de Santarém

Publico este exemplo, aqui no Leoa, não porque seja correligionária de Moita Flores mas porque o aprecio muitíssimo como pessoa além de achar que seria um óptimo Presidente para o nosso Sporting. Junto esta sugestão a outras que já li na blogoesfera.

8 comentários:

  1. Tite, lembra-se dos "Desencontros"? :
    http://www.youtube.com/watch?v=lHeRCKTuR4U
    Gostava de lembrar-me do nome do mau ... aquele que tinha um nome esquisito, e um nariz esquisito.

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  2. E esta, quem não se lembra :
    http://www.youtube.com/watch?v=DfxeFTCO4Ls&feature=related
    Tieta não foi feita, da costela de Adão
    Tieta do agreste, lua cheia de tesão
    É lua, estrela, nuvem carregada de paixão
    http://www.youtube.com/watch?v=xo8JLT89J1g&feature=related
    A Joana Fomm era (ou é, não sei) uma actriz do melhor que alguma vez existiu.

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  3. Tite, lembro-me que na 3ª classe quando chegava a casa era a Tieta o que dava na televisão. E a mesma coisa para os Desencontros, mas para aí no 6ª ano. Sabe porque é que os Desencontros foi uma novela tão boa?
    Por 2 coisas
    1 - Eram histórias de polícias e ladrões, e isso sempre causa encanto.
    2 - Porque foi das poucas novelas portuguesas que não tentou imitar as brasileiras, conseguindo assim não ser uma novela absurda, porque qualquer novela portuguesa que tente copiar uma novela brasileira é invariavelmente isso mesmo, um absurdo.
    Nesta coisa das novelas, o Moita Flores começou bem mas acabou depois muito mal, acho.

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  4. http://www.youtube.com/watch?v=AZspAtqRYn0&feature=related
    Pois é ... coisas tristes, histórias humanas, cheias de falhas e injustiças. "Um dia Tieta voltará ao Agreste", e voltou mesmo, não foram meras palavras pelo vento levadas.

    Um beijinho Tite, fique bem.

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  5. MM

    Gostei desta romagem ao passado. Pena que a minha memória não me ajude a chegar à tua mensagem. Será que é muito difícil dizer o que se pretende sem metáforas?

    SL

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  6. Olá Tite. Não pretendi dizer nada, era só isso mesmo: o Moita Flores fez-me lembrar os "Desencontros", e estes por sua vez fizeram-me lembrar a "Tieta", porque foram as únicas 2 novelas que alguma vez acompanhei na vida, gostando.
    O regresso da Tieta ao Agreste resultou de um vídeo relacionado no qual cliquei quando ouvia e recordava o tema musical principal da novela, aquele que rodava no genérico.
    As histórias humanas, falhas e injustiças são coisas que existem no mundo, na vida, e estão representadas nesse clip: na Tieta que foi expulsa do Agreste e que em São Paulo se dedicou à prostituição tendo feito fortuna enquanto 1ª meretriz do seu próprio bordel.

    Quais foram as novelas que a Tite mais gostou de ver, até hoje?

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  7. As novelas que mais gostei foram Brasileiras:

    - Gabriela
    - Tieta
    - Casarão
    - Rei do Gado
    - Renascer
    - e tantas outras que agora não me lembro o nome.

    Portuguesas gostei da Vila Faia 1ª e 2ª versão e de algumas mini-séries da RTP especialmente as baseadas em pesquisa histórica levada a cabo por Moita Flores. Destas destaco, porque vi duas vezes em curto espaço de tempo, A Ferreirinha.

    Devo acrescentar que neste momento ando muito feliz por verificar o empenho que a RTP tem tido ao investir na ficção nacional que está a dar muito bons frutos.

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  8. Hei, minha querida!

    Tal como tu, não pertenço ao grupo de Moita Flores, mas devemos reconhecer gestos dignos venham de onde vierem! E este foi um deles.

    Grande abraço,

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